A relação conturbada entre taxistas e motoristas de aplicativos - o mais famoso deles o Uber - vai muito além da disputa por passageiros. É fato que a entrada do serviço de transporte oferecido pelos veículos particulares fez cair, vertiginosamente, o faturamento dos permissionários do sistema de táxis do Recife e Região Metropolitana. Condutores ouvidos pelo Mobilidade PE alegaram uma redução de até 90% no número de corridas.
A insatisfação por parte dos taxistas é tanta que diversos protestos já foram promovidos na capital. A principal reclamação dos motoristas profissionais é a falta de regulamentação desses aplicativos, que em alguns casos garantem corridas mais baratas, e, claro, o aumento na concorrência.
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Entretanto, o crescimento de veículos particulares que aderiram ao Uber afetou outro tipo de mercado. Um comércio paralelo menos perceptível ao usuário e só constatado pelos próprios motoristas de praça: a queda na venda e ou aluguel irregular de praças de táxis.
No Recife, mesmo sendo uma transação clandestina, já que a legislação municipal só garante fazer a transferência da concessão da praça gratuitamente, na informalidade, a venda da permissão sempre existiu. Esse tipo de negócio rendia valores altos. Segundo taxistas entrevistados pelo Mobilidade PE, antes da entrada dos motoristas por aplicativo, uma concessão de táxi chegava a custar de R$ 100 mil a R$ 120 mil. Mas, com a concorrência dos carros particulares, esse valor caiu para, em média, R$40 mil.
"Indiretamente, o Uber prejudicou sim esse comércio. Os mais afetados com essa desvalorização foram os frotistas, que estão amargando alto com o prejuízo", confirma o taxista Sérgio Vereda, que atua na profissão há quase quatro anos. Como o nome já diz, os frotistas são aqueles que possuem frotas de táxi e alugam os Termos de Permissão (TP) para outros motoristas rodarem pelas ruas.
Segundo o consultor em mobilidade e professor de trânsito, Carlos Augusto Elias, só existem duas possibilidades de repassar uma praça de táxi legalmente. “Ou fazer a cessão, que pode ser para qualquer pessoa, ou por sucessão, no caso de incapacidade do permissionário, para seus herdeiros. Desde 16 de janeiro de 2009, numa lei da gestão de João da Costa, quem adquiriu uma permissão de táxi do Recife, a partir desta data, o TP passa a ser intransferível”, explicou.
O valor da praça pode ser até menor que R$40 mil, caso o TP já seja do tipo classificado como intransferível. O Mobilidade PE tentou entrar em contato com o presidente do Sindicato dos condutores autônomos de veículos e táxis de Pernambuco, Everaldo Menezes, mas não houve retorno das ligações.
Frota - Atualmente, a frota de táxi do Recife é formada por 6.125 veículos. O serviço é dividido em táxi comum e táxi especial, está última categoria só pode operar no Aeroporto, o Terminal Integrado de Passageiros (TIP) e em hotéis.
Por Tiago André Santos, do blog Mobilidade PE
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