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Depois do secretário da Cultura Roberto Alvim ter sido demitido por parafrasear o ministro da propaganda da Alemanha Nazista Joseph Goebbels, o Filósofo Olavo de Carvalho diz que o "discurso do Alvim não tem, por si, nenhum conteúdo nazista ou racista". Além disso, o guru ideológico do Bolsonaro afirma que o secretário foi enganado por algum "funcionário sacana" e "esquerdista". 

Olavo diz ainda que o funcionário que fez isso foi o responsável por avisar aos jornalistas "que, esfregando as mãos de prazer, deu no Alvim o tiro de misericórdia. Interroguem esse jornalista e acabarão sabendo de onde veio a coisa toda", escreveu o filósofo.

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Olavo diz que o caso do Alvim deve servir de alerta aos futuros ocupantes do cargo. "Não confiem em funcionários esquerdistas. Eles são desleais por obrigação", diz Olavo.

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Nos primeiros dias de 2020, dois fatos lançaram o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), ao centro do debate político nacional. O primeiro foi a notícia de um encontro com o apresentador de TV e empresário Luciano Huck, apontado como possível candidato a presidente, que levou a especulações sobre uma chapa Huck/Dino em 2022. O segundo foi a reação do PT, por meio de um de seus vice-presidentes, o deputado Paulo Teixeira (SP), que usou as redes sociais para dizer que, "com Lula ou Haddad, Dino estará na nossa chapa presidencial".

Dias antes, o próprio Lula havia elogiado Dino durante uma feijoada na casa do ex-prefeito Fernando Haddad. Para o ex-presidente, o governador é, atualmente, um dos únicos líderes da esquerda que consegue falar para "fora da bolha".

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Tirar a esquerda do isolamento em que se meteu nos últimos anos tem sido o principal objetivo de Dino no plano nacional. Desde que tomou posse, em 2015, o governador mantém uma coligação de 16 partidos que vai do PCdoB ao DEM, incluiu líderes evangélicos no governo e construiu boas relações com setores distintos, como o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e a Federação das Indústrias do Maranhão.

Além disso, aprovou em velocidade recorde a reforma da previdência estadual, participou da criação de três consórcios regionais de governadores e abriu diálogo com nomes tão díspares como Lula e o também ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o presidenciável do PSOL em 2018, Guilherme Boulos, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Em junho do ano passado, fez uma visita ao arquirrival, o ex-presidente José Sarney (MDB).

"Flávio Dino é um interlocutor político nacional. A agenda com o Huck não foi um ponto fora da curva. Não tem fato novo nisso", disse o deputado federal Márcio Jerry, presidente do PCdoB maranhense, integrante da direção nacional do partido e homem forte do primeiro governo Dino.

O encontro ocorreu na casa do apresentador um dia depois de Dino participar de um seminário na Casa das Garças, 'think tank' que tem entre seus associados expoentes do liberalismo como o ex-ministro Pedro Malan, o ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco e o presidente do Novo, João Amoêdo, a convite do ex-governador do Espírito Santo Paulo Hartung, um dos articuladores do projeto político de Huck. Antes, os dois haviam conversado pelo menos meia dúzia de vezes por telefone. Não se falou em composição de chapa.

Segundo Hartung, o encontro faz parte de uma série de diálogos que Huck tem mantido com líderes políticos, sem motivações eleitorais. "Não estamos costurando uma frente ampla, mas o diálogo. É um movimento de aproximação de quem defende e valoriza as instituições e que pode evoluir para outros pontos como quem se incomoda com a desigualdade social", disse Hartung.

Reações

O encontro gerou críticas a Dino por parte da esquerda nas redes sociais e questionamentos internos de setores do PCdoB. A decisão de romper a "bolha", no entanto, está de acordo com a orientação partidária. "Os conceitos e valores do atual governo são perigosos, tem risco potencial de produzir danos à democracia. Nesse quadro há que se construir um campo de diálogo democrático. Assim deve ser lido esse tipo de conversa. E precisamos de um degelo, pra superar essa polarização estéril. Fazer a polêmica de mérito nos temas essenciais e exercitar a produção de convergências", afirmou o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), líder do partido na Câmara.

Alguns líderes do partido viram como "indelicadeza" a manifestação de Paulo Teixeira por, na avaliação deles, tratar um aliado histórico como força auxiliar. Mas o petista e o governador têm longa relação política estreitada por dramas pessoais em comum - os dois perderam filhos mais ou menos na mesma época. "Eu defendo que as disputas de 2020 e 2022 devem ser feitas com a unidade da esquerda", disse Teixeira.

Desde a eleição do presidente Jair Bolsonaro, Dino participa de tentativas para unificar uma ampla frente de oposição ao governo. No início do ano ele, Haddad, Boulos, a líder indígena Sonia Guajajara e o ex-governador da Paraíba Ricardo Coutinho (PSB) criaram o Unidade Progressista. Resistência de setores do PT fez o grupo perder força. A prisão de Coutinho por suspeita de corrupção sepultou de vez o projeto.

Ao mesmo tempo, aproveitando-se das características geográficas do Maranhão, Dino ajudou a criar o Consórcio do Nordeste, que reúne os nove Estados da região, e participou dos consórcios da Amazônia e do Brasil Central. Foram realizadas três reuniões em São Luís. Os consórcios servem para driblar a falta de recursos e dificuldades na relação com o governo federal e servem de foro para articulações entre os governadores. Dino ainda esteve em evento do "Direitos Já" que reuniu integrantes de 16 partidos no Tuca, em São Paulo, em oposição a Bolsonaro. Todas essas iniciativas esbarraram no "sectarismo" de setores da esquerda, em especial do PT.

Críticas

As constantes viagens a São Paulo e a Brasília levaram a oposição no Maranhão a acusar Dino de abandonar o Estado em nome de um projeto nacional. "O governador abandonou o Maranhão. Participa de mais eventos fora do Estado do que aqui. Faltam foco e articulação com o governo federal, que sempre mandou muitos recursos para o Estado. Hoje, seu foco é a campanha antecipada pelo Brasil e o contraponto ao presidente", disse o deputado estadual Adriano Sarney (PV), neto do ex-presidente e único integrante do clã, hoje, a ocupar cargo eletivo.

Aliados do governador rebatem dizendo que a agenda de viagens de Dino não sofreu oscilações nos últimos anos e que a maioria das ausências é por motivo de eventos oficiais.

A aproximação com os evangélicos também provocou reações negativas de setores do PT maranhense descontentes por terem sido excluídos da chapa majoritária em 2018 para dar espaço à senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), ligada a igrejas. Além disso, a criação de 36 cargos de capelães da Polícia Militar, a maioria entregue a pastores evangélicos, levou à abertura de processo na Justiça Eleitoral - por uso da máquina pública - ainda não julgado.

Dino também se tornou alvo de opositores por, segundo eles, fazer no Maranhão aquilo que critica em nível federal, ao aprovar uma reforma da previdência estadual de forma relâmpago. O governador foi ainda criticado pela esquerda por ter apoiado o acordo para entrega da base de Alcântara aos EUA firmado pelo governo federal.

A interlocutores, Dino tem dito que considera improvável uma chapa com Huck por motivos ideológicos e políticos, mas que não vai descartar a possibilidade de imediato. Nesta semana, ele estará em São Paulo para participar de um evento do Instituto Lula. Conversas com o ex-presidente sobre as eleições de 2020 e 2022 estão no radar. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Na tarde desta sexta-feira (3), o presidente da República Jair Messias Bolsonaro (sem partido) criticou a atual formulação dos livros didáticos utilizados pelas escolas públicas do país. Na opinião dele, o material que será distribuído até este ano e que foi elaborado em outros governos “tem muita coisa escrita”. 

“Tem livros que vamos ser obrigados a distribuir esse ano ainda levando-se em conta a sua feitura em anos anteriores. Tem que seguir a lei. Em 2021, todos os livros serão nossos. Feitos por nós. Os pais vão vibrar. Vai estar lá a bandeira do Brasil na capa, vai ter lá o hina nacional. Os livros hoje em dia, como regra, é um amontoado. Muita coisa escrita, tem que suavizar aquilo”, afirmou Bolsonaro. 

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O presidente também voltou a fazer críticas ao educador Paulo Freire, frequentemente atacado por ele e outros membros de seu governo. Na ocasião, Bolsonaro atrelou o baixo desempenho do Brasil no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) PISA às ideias de Freire. "Falando em suavizar, estou vendo um cabeça branca ali, estudei na cartilha Caminho Suave. Você não esquece. Não esse lixo que, como regra, está aí. Essa ideologia de Paulo Freire. O cara ficou dez anos e a garotada de 15 anos foi fazer a prova do Pisa e mais da metade não sabe fazer uma regra de três simples. Não deu certo”, disse ele. 

Ainda de acordo com Bolsonaro, os governantes de esquerda “plantaram militantes” na educação e acabaram com escolas. “O que a esquerda plantou na educação? Plantou militância. Tanto é que o pessoal vota no PT e no PSOL. A molecada [vota no] PT e PSOL. Chegou ao cúmulo de acabar com uma escola como o Colégio Dom Pedro II, no Rio de Janeiro. Acabaram com o Pedro II. Menino de saia, MST lá dentro. E outras coisas mais que não quero falar aqui”, afirmou o presidente, referindo-se à decisão do Colégio Dom Pedro II que autorizou os estudantes a usarem saia ou bermuda, independente do gênero, seguindo uma resolução do próprio Ministério da Educação (MEC).

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Em meio a um cenário polarizado, mais da metade dos partidos políticos brasileiros se diz de centro, enquanto apenas um - o PSL, até pouco tempo atrás a legenda do presidente Jair Bolsonaro - se considera de direita e sete se colocam como de esquerda. É o que aponta levantamento feito pelo Estado com os 33 partidos registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

A reportagem questionou as siglas como elas se autodefinem em relação à orientação ideológica. "O PSL é um partido liberal, de direita", informou a legenda. Partido hegemônico na esquerda do País há pelo menos 30 anos, o PT saiu de sua última convenção nacional, realizada em novembro, como uma agremiação "de esquerda democrática e libertária".

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Já outros partidos deram respostas "curiosas" quando questionados sobre qual orientação ideológica seguem. O Solidariedade, por exemplo, se declara uma sigla que segue os preceitos do "humanismo sistêmico", enquanto a Rede se enxerga como um partido "sustentabilista progressista".

O levantamento mostra que, diante da narrativa de polarização que coloca, de um lado, parte da direita aglutinada em torno do bolsonarismo e, do outro lado, a esquerda tendo como núcleo o petismo representado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os partidos buscam se afastar dos extremos se colocando, de alguma forma, no centro do espectro político.

Dez partidos se declaram puramente como de centro: PMB, MDB, PL, PSD, PTC, DC, PROS, Avante, Patriota e Podemos. De centro-direita são PTB, Progressistas, PSC, PRTB e Republicanos. Já PDT, PSB, Cidadania, PV e PMN se encontram na centro-esquerda, segundo eles mesmos.

O centrismo traz variações de acordo com as classificações dadas pelos partidos que o representam. "Acreditamos que o centro seja o melhor ponto para que a gente possa aproveitar o que há de bom na esquerda, da extrema esquerda, da direita e da extrema direita", afirmou o Patriota. Já o Podemos afirma ter três pilares ideológicos: "Mais transparência, mais participação e mais democracia direta".

Para o cientista político da FGV, Cláudio Couto, a autodenominação de centro é uma tentativa retórica dos partidos se mostrarem mais moderados.

"Alguns que se definem como centro são claramente partidos de direita, o que não quer dizer que seja uma direita radical. Já o PSL a gente não sabe o que é, ainda mais depois dessas confusões que ele se meteu, mas se a gente for tomar pelo bolsonarismo ele seria uma extrema-direita, não um direita moderada", afirmou Couto.

Embora não caracterize necessariamente uma orientação ideológica, o termo liberal aparece com frequência nas definições dadas pelas siglas: nove partidos citam a palavra na hora de descrever seu posicionamento. O PSL se considera "liberal de direita"; o PRTB é "liberal-conservador", e "liberal de centro" é como se considera o PL. O PSDB afirma ser adepto do "liberalismo social" e o DEM, uma agremiação "democrata liberal". Três partidos se dizem "liberal na economia": PTB, PSC e Republicanos. A única legenda que se diz puramente liberal, sem maiores ponderações, é o Novo.

"(Ser liberal) É entender que o cidadão deve ser o protagonista, e não o Estado. O subproduto dessa crença é entender que a gente tem que ter um Estado mais enxuto, menos privilégios e mordomias na área pública", disse o presidente nacional do Novo, João Amoedo.

Ao todo, sete partidos se consideram de esquerda: PCdoB, PCB, PSOL, PCO, PSTU, PT e a recém-criada Unidade Popular (UP). Última sigla a conseguir o registro junto ao TSE, a UP se classifica como um partido que "deve ter no centro de suas ações as lutas populares e não a conciliação". "Somos um partido de esquerda. Que surgiu a partir do esgotamento de quase todos os partidos de esquerda e da direita também, que ficou bem nítido a partir das manifestações de junho de 2013", afirmou o presidente nacional da UP, Leonardo Péricles Roque.

Há diferenças entre as legendas que se dizem de esquerda: o PCdoB "orienta-se pela teoria marxista-leninista, a qual buscamos desenvolver e aplicar, de maneira original, na realidade brasileira"; o PCB se considera comunista; o PSOL, socialista. Outras siglas ligadas ao campo da esquerda preferem se colocar como "centro-esquerda", embora também marquem diferenças entre si. O PDT se apega à própria história e afirma ter "raízes no trabalhismo histórico de Vargas".

Ao menos duas classificações enviadas à reportagem fugiram das concepções mais usuais quando se discute orientação ideológica. O Solidariedade, cujo presidente nacional é o líder da Força Sindical e deputado federal, Paulinho da Força, afirmou ser adepto do "humanismo sistêmico". "O humanismo sistêmico nada mais é que a compreensão do Humanismo na contemporaneidade", informou o partido, citando três pilares que dizem sustentar conceitualmente sua agenda: a cooperação e a solidariedade como princípios básicos e estruturantes de todas as relações sociais; a valorização do trabalho humano, e o desenvolvimento econômico, humano e social sustentável.

A Rede usou uma concepção pós-moderna para conceituar seu "sustentabilismo progressista". "A visão binária de esquerda/direita, hermeneuticamente potente e importante para as sociedades ocidentais do século 18, não responde mais a todas as descobertas, transformações e metáforas políticas que presentemente fazem parte da nossa cultura social", disse o partido.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ex-presidente boliviano Evo Morales poderá realizar declarações políticas durante sua permanência na Argentina, onde recebeu o status de refugiado, disse o chefe de gabinete do governo argentino Santiago Cafiero.

"Um refugiado tem os mesmos direitos que um cidadão argentino, incluindo liberdade de expressão, liberdade de declarar, pensar e dizer o que quiser. Não restringiremos suas liberdades", disse Cafiero em entrevista ao jornal La Nacion, publicado neste sábado.

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Morales viverá na cidade argentina de San Ramon de la Nueva Oran, no noroeste da Argentina, a menos de uma hora de carro da fronteira com a Bolívia. A partir daí, ele planeja coordenar a campanha presidencial de seu partido no próximo ano, disse ele no Twitter.

"Um mês após o golpe na Bolívia, realizamos nossa primeira reunião em Buenos Aires com alguns líderes departamentais e nacionais de movimentos sociais, prefeitos, líderes do MAS e membros da assembléia para fazer uma avaliação política e planejar a campanha", declarou Morales.

Morales fugiu para o México no mês passado, depois que protestos em massa contra sua reeleição resultaram em sua renúncia. Ele desembarcou na Argentina na quinta-feira como refugiado.

Da Sputnik Brasil

O Waze, aplicativo de navegação por satélite do Google, já é conhecido por permitir que seus usuários personalizem a voz que indica as direções no trânsito. Na última quinta-feira (5), além de algumas celebridades de humor e até mesmo gravações dos próprios condutores, o app passou a permitir que seus motoristas sejam guiados pela voz do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Em uma das indicações de direção, a imitação da voz do petista parece mais animada ao pedir para o motorista virar à esquerda. “Vire à esquerda, companheiro!”, indica a gravação. O mesmo não acontece se o condutor precisar ir na direção contrária. O “vire à direita” na voz de Lula é consideravelmente mais desanimado. 

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Para ter a voz do ex-presidente fazendo as orientações de trânsito, basta fazer o download no site do aplicativo. A imitação também informa os comandos padrões, além de começar a viagem com um  “Está pronto? Eu estou! Vamos, companheiro, tomar os meios de produção!”.

Em entrevista ao The Guardian, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) atacou mais uma vez o governo de Jair Bolsonaro e reafirmou que sua missão é 'lutar pela democracia', ao entender que o atual presidente é uma ameaça ao Estado democrático. Desde a conquista da sua liberdade, no último dia 8, o líder da esquerda não mede palavras para classificar seus opositores, tratados como ‘lado podre’.

"Vamos torcer para que Bolsonaro não destrua o Brasil. Vamos torcer para que ele faça algo de bom pelo país... Mas duvido disso", disparou o petista. Ele também reforçou a conhecida admiração do atual presidente por ditadores para afirmar que "Bolsonaro já deixou claro o que ele quer para o Brasil: ele quer destruir todas as conquistas democráticas e sociais das últimas décadas".

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Sobre a rejeição do PT, o esquerdista brincou e comparou o partido ao Rei do futebol, "é claro. As pessoas falam mais sobre Pelé do que os outros jogadores". Para Lula, nem mesmo o Bolsonaro previu que seria eleito em 2018 e a vitória se deu por sua ausência no pleito. "As pessoas votaram em Bolsonaro, principalmente, porque Lula não era candidato", declarou, falando sobre si em terceira pessoa.

Questionado sobre a preparação para a corrida presidencial de 2022, ele garantiu que "o PT está se preparando para retornar e governar". Lula deixou sua candidatura em aberto e deixou mais uma comparação como reflexão. "Em 2022, terei 77 anos. A igreja católica - com 2.000 anos de experiência - aposenta seus bispos aos 75 anos", avaliou.

O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quinta-feira (21) que a esquerda parece querer usar o assassinato da ex-vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Franco "em causa própria". "Parece que para a esquerda não interessa resolver o caso Marielle. Interessa continuar usando a morte dela em causa própria", disse.

O presidente questionou ainda se querem ligar a sua família ao caso. "Agora o Carlos Bolsonaro que é o responsável, pô?! Que que os caras querem? Ligar a família ao caso Marielle? Qual é a intenção?", afirmou.

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Segundo a Rádio CBN, a Polícia Civil do Rio de Janeiro trabalha com a hipótese de envolvimento do vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), um dos filhos do presidente, na morte de Marielle e do motorista.

"Eu, por exemplo, alguém me viu uma vez conversando com a Marielle? Não conversei por falta de oportunidade, se tivesse teria conversado com ela", disse Bolsonaro.

Mudando de assunto, o presidente voltou a citar investigações sobre Adélio Bispo, autor facada contra ele durante a campanha eleitoral de 2018. "O caso mais importante vocês não perguntam. O caso Adélio, então filiado ao PSOL. Eu não faço acusações infundadas contra o PSOL. Querem desviar o foco de atenção", disse.

Desde a soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no último dia 8, a escancarada polarização política ganhou um novo fôlego no país. Ataques feitos pelo líder petista ao que classifica como 'lado podre', em frente a carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, repeliram ainda mais as alas opostas e instigou manifestações de bolsonaristas pelo Brasil, no último fim de semana.

Ao passo que a esperança da esquerda foi renovada - percebida na multidão que esteve Festival Lula Livre, ocorrido no Recife, no último domingo (17) -, a liberdade do ex-presidente também efervesceu a insatisfação dos grupos antipetistas. "Você traz um cenário de turbilhão político que só aquece a polarização. O fato de Lula estar livre, traz esperança a uma série de lulistas, mas ao mesmo tempo traz o desgosto a uma série de antipetistas", destacou o cientista político Caio Souza.

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O estudioso classifica o bolsonarismo como "um movimento de oposição a esquerda que acaba sendo fragilizado pela própria figura do presidente", e acredita que a ala não sai derrotada com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que resultou na soltura de Lula; visto que, o benefício da prisão após o esgotamento de todos os recursos estende-se a todos, inclusive, a aliados deles.

Paulo Uchôa/LeiaJáImagens/Arquivo

O mau do lulismo

Mesmo inelegível para 2022, sem dúvidas, o retorno de Lula fortalece as intenções da esquerda, à princípio para a retomada de prefeituras. Contudo, o destaque exacerbado da sua imagem atrapalha o processo de construção de novas lideranças. "A exaltação da figura dele, personificando a esquerda em uma pessoa é prejudicial para a própria concepção de esquerda", explicou o especialista; que continuou: "querendo ou não, o Lulismo tem esse mau. Ele causa a dependência de uma figura e uma orfandade de outros nomes que podiam se destacar na esquerda".  

Chico Peixoto/LeiaJáImagens/Arquivo

Possível êxito de Bolsonaro

Após o atrito com os 'amigos' do PSL, o presidente Jair Bolsonaro decidiu abandonar a sigla e estrear seu próprio partido, batizado de Aliança pelo Brasil. Tal movimentação poderia enfraquecer a força do Governo no Congresso, no entanto, ele foi eleito por ser considerado uma solução contra a corrupção do PT.

Na visão do cientista, mesmo com o microfone aberto para falar "atrocidades", Bolsonaro só será enfraquecido caso os indicadores da economia não avancem. "Assim como Lula tem uma série acusações nas costas e muitas pessoas ainda o aplaudem pelos êxitos sociais que teve. Bolsonaro, por mais que as pessoas não gostem, vão aplaudi-lo se ele tiver êxito econômico", ressaltou.

Agora, resta aguardar os próximos passos dos dois líderes, Jair Bolsonaro e Lula, para observar até que ponto esse aquecimento da polarização seguirá no país e como impactará a política.

"Estou de volta", anunciou, neste sábado (9), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, menos de 24 horas depois de sair da prisão. Lula criticou o governo de Jair Bolsonaro diante de milhares de apoiadores em São Bernardo do Campo.

Lula acusou a Bolsonaro de "governar para as milícias do Rio de Janeiro", chamou o ministro da Economia, Paulo Guedes, de "destruidor de empregos" e de "canalha" o ex-juiz e atual ministro da Justiça, Sérgio Moro, que o condenou por corrupção.

Sua aparição e seu discurso emocionaram a multidão vestida de vermelho reunida no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, seu berço político. O local foi onde Lula pronunciou seu último discurso antes de se entregar à justiça em 7 de abril de 2018.

Lula, que atualmente tem 74 anos, cumpria em Curitiba sua pena de oito anos e dez meses por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, mas foi solto depois que a Suprema Corte votou na última quinta-feira (7) à noite contra a prisão em segunda instância.

"Foi lindo, muito emocionante, ouvi-lo depois que ele saiu da prisão", dissea jovem Mirela Ferrer, de 21 anos, em uma bandeira com o rosto do ex-presidente e a frase "Lula libre" estampados.

Este é o segundo encontro de Lula desde que ele deixou a prisão. No primeiro, ao deixar a sede da Polícia Federal de Curitiba, onde havia passado 580 dias, anunciou que em breve se lançará para "percorrer o país para discutir uma saída com nosso povo".

"Se a gente trabalhar direitinho, em 2022 a chamada esquerda que o Bolsonaro tanto tem medo vai derrotar a ultradireita nesse país", declarou Lula, em um momento em que a esquerda brasileira se encontra enfraquecida e fragmentada.

Horizonte de 2022 

"Bolsonaro foi eleito democraticamente, aceitamos os resultados da eleição de 2018", disse. Mas, segundo Lula, ele "foi eleito para governar para o povo brasileiro e não para os milicianos do Rio de Janeiro", acrescentou antes de exigir o esclarecimento do assassinato em 2018 da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco.

Para demonstrar que sua idade não será problema em 2022, para quando estão previstas novas eleições presidenciais, Lula mencionou o romance com a socióloga Rosângela da Silva, de 52 anos, com quem deve se casar em breve.

Em um vídeo que publicou no Twitter pela manhã, o ex-presidente declarou: "Tenho 74 anos do ponto de vista biológico, mas 30 anos em energia e 20 anos em tesão".

Direita também se mobiliza

A organização Vem Pra Rua (VPR), muito ativa nos protestos que em 2016 levaram ao impeachment da presidente Dilma Rousseff, organizou uma manifestação nesta tarde na Avenida Paulista para denunciar a decisão do STF que acabou resultando na libertação de Lula e que pode favorecer a saída de aproximadamente cinco mil detentos da prisão.

"Vim protestar contra todos esses roubos dos políticos, e principalmente Lula, que é o chefe de uma quadrilha. Ter soltado esse homem é uma aberração", afirmou o aposentado Edécio Antônio, de 77 ano, que se negou a revelar seu sobrenome.

Bolsonaro se manifestou pelo Twitter nesta manhã, pedindo à direita que não dê "munição a um canalha que momentaneamente está livre, mas carregado de culpa".

O comentário presidencial é feito em meio a rachas entre seus aliados, muitas vezes por disputas lançadas pelas alas mais radicais do bolsonarismo contra ministros ou lideranças do governo no Congresso.

Lula foi condenado como beneficiário de um apartamento no Guarujá oferecido pela construtora OAS em troca de contratos na estatal Petrobras. O ex-presidente, que enfrenta pelo menos outros seis processos, nega as acusações e se considera vítima de uma manipulação judicial para impedir sua candidatura nas eleições de 2018.

Durante discurso proferido neste sábado (9), em frente à sede do Sindicato dos Metalúrgicos em São Bernardo do Campo (SP), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a dar indicativos de que pretende viajar pelo país para mobilizar a oposição. "Eu quero dizer a eles que estou de volta", bradou, referindo-se a Jair Bolsonaro, os ministros Sergio Moro e Paulo Guedes e ao procurador Deltan Dallagnol.

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"Se a gente tiver juízo e souber trabalhar direitinho, em 2022 a chamada esquerda que o Bolsonaro tem tanto medo vai derrotar a ultradireita que nós tanto queremos derrotar", disse Lula. "Esse país não merece o governo que tem", complementou ele.

O petista disse que está disposto a sair pelo país acompanhado de outros representantes da esquerda e lideranças sindicais. Entre outros, acompanhavam Lula no palanque o petista Fernando Haddad, os psolistas Marcelo Freixo e Guilherme Boulos e a vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos (PCdoB). Lula prometeu fazer um pronunciamento dentro de 20 dias, possivelmente para indicar os seus próximos passos.  

"Não tem ninguém que conserte esse país se vocês não quiserem consertar", acrescentou o ex-presidente, sugerindo a cobrança de maior mobilização. "Nós só iremos salvar esse país se tivermos coragem de fazer um pouco mais."

Em seu primeiro pronunciamento após conquistar a liberdade, Lula disparou contra órgãos relacionados a sua prisão e a Operação Lava Jato. Era aproximadamente 17h42, quando o líder da oposição foi recepcionado por uma multidão de manifestantes que se amontoavam desde o dia da sua prisão, em frente da sede da Polícia Federal em Curitiba, no Paraná.

Diante de milhares de pessoas, o ex-presidente reafirmou seu compromisso em contrapor o atual presidente Jair Bolsonaro. Ele atacou a Operação Lava Jato e os órgãos que acredita estar envolvidos em sua condenação -dentre eles a TV Globo-, caracterizando-os como 'lado mentiroso'. “O lado mentiroso da Polícia Federal que fez um inquérito contra mim, o lado mentiroso e canalha da parte do Ministério Público da força tarefa, e mais o TRF4, tem que saber: eles não prenderam um homem, eles tentaram matar uma ideia. Uma ideia não se mata, uma ideia não desaparece e eu quero lutar para provar que se existe uma quadrilha e um bando de mafiosos nesse país é essa maracutaia que eles fizeram para tentar, liderados pela rede Globo de televisão, criar a imagem que o PT estava sendo criminalizado e que o Lula era um bandido", disparou.

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Ao citar a música massa falida de Duduca e Dalvan, a figura mais emblemática da política nacional reforçou que o processo foi uma tentativa de criminalizá-lo para calar a oposição. "Se pegar o Dellagnol, se pegar o Moro, se pegar alguns delegados que fizeram o inquérito e bater no liquidificador, o que sobrar não e 10% da honestidade que eu represento nesse país", enfatizou.

Antes de finalizar a fala, Lula reafirmou que o amor conduzirá seus trilhos até a presidência e destacou que “caráter e dignidade não é uma coisa que a gente compra em shopping center", voltando a alfinetar seus opositores.

O líder da esquerda no Brasil está solto. Após 580 dias na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, o ex-presidente Lula teve sua liberdade concedida nesta sexta-feira (8), após a decisão do STF que derrubou as prisões em segunda instância. De olho nas eleições de 2022, o petista já estuda promover caravanas ao redor do país para contrapor Jair Bolsonaro nas urnas.

A principal figura da oposição foi condenada pelo então juiz Sérgio Moro -atual ministro da Justiça- e estava preso desde 7 de abril de 2018 sob a acusação de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do Tríplex do Guarujá, no Litoral de São Paulo. Desde então, camadas populares uniram forças para reivindicar a liberdade do petista, considerada pelos próprios como inconstitucional.

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No decorrer desta odisseia, o vermelho foi abraçado pelos manifestantes que se alojaram em frente à sede da Polícia Federal desde o primeiro dia da prisão e promoveram uma série incontável de protestos ao redor do Brasil. A campanha contra o presidente Jair Bolsonaro #Elenão, deu vez ao #LulaLivre, frase que reverberou em passeatas e até virou tema de músicas. Enquanto a famosa 'arminha', que simboliza o atual presidente foi suplantada pela letra 'L' feita com os dedos polegar e indicador.

O relógio indicava 17H42 quando Lula foi abraçado pela multidão de manifestantes. Os sorrisos multiplicaram-se ao redor do estadista que seguiu até um palanque para retribuir o carinho.  Antes do seu primeiro discurso, o Hino Nacional foi entoado. 

"A vida inteira tive conversando com o povo brasileiro e não pensei que no dia de hoje eu poderia estar aqui conversando com homens e mulheres que durante 580 dias gritaram aqui bom dia, boa tarde e boa noite Lula, não importa se estivesse chovendo ou que estivesse 40 graus. Todo santo dia vocês eram o alimento da democracia que eu precisava", agradeceu. Lula também expôs sua insatisfação ao classificar como ‘lado podre’ as esferas que estiveram envolvidas em sua prisão. 

 























 

 

A deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) e o PSL entraram com representações contra dois parlamentares do partido nesta quarta-feira, 6. Em relação ao filho do presidente Jair Bolsonaro, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), Joice pediu que a Procuradoria-Geral da República faça uma denúncia criminal e instaure um processo penal contra Eduardo pela fala dele sobre a possibilidade de o governo editar um novo AI-5.

Já ao Conselho de Ética da Câmara, um documento foi encaminhado pelo presidente do PSL, o deputado Luciano Bivar (PE), pedindo cassação do mandato de Eduardo e também da deputada Carla Zambelli (PSL-SP) por quebra decoro parlamentar. Nos dois casos, a acusação é de ataques virtuais que teriam sido promovidos pelos dois parlamentares contra Joice.

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Por fim, Joice encaminhou ainda um pedido ao Conselho de Ética do PSL solicitando "encaminhamentos necessários" pela fala de Eduardo sobre o AI-5.

Na terça-feira, 5, no plenário da Câmara, Joice já havia anunciado que levaria o caso contra Eduardo à PGR. Ex-líder do governo no Congresso, ela se emocionou e chegou a chorar ao discursar na tribuna, ao relatar os xingamentos e as ameaças que tem recebido nas redes sociais. Para ela, o movimento representa um autoritarismo "sujo".

Desde que foi destituída da liderança do governo no Congresso como consequência de uma crise no PSL, a deputada tem acusado o governo e os filhos do presidente Jair Bolsonaro de usarem uma "milícia digital" para atacar desafetos políticos.

O ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, bateu boca com a deputada Sâmia Bonfim (PSOL-SP) na tarde desta quarta-feira, 6, durante uma audiência pública na Câmara. Ele afirmou que a ditadura militar brasileira foi uma contrarrevolução que evitou que o País virasse uma "grande Cuba" e que a anistia "levou uma terrorista à Presidência da República".

"Há duas visões da História do Brasil. Para mim, não foi golpe, foi contrarrevolução. Se não houvesse contrarrevolução, hoje seríamos Cuba. A sua posição é a posição que a esquerda adotou. Essa radicalização política não interessa a ninguém", disse ao responder à deputada.

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Sâmia também insistiu para que o ministro se posicionasse claramente contra as declarações feitas pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que sugeriu a necessidade de "um novo AI-5" para conter uma possível "radicalização" da esquerda no País. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo na semana passada, Heleno deu uma declaração favorável à fala do deputado. Na entrevista, o ministro comparou a dificuldade para emplacar uma regra como o AI-5 ao ritmo lento que tramita no Congresso o pacote anticrime de Sérgio Moro.

Na comissão, Sâmia lembrou os casos de tortura na ditadura e disse que Heleno, ao não condenar veementemente a ideia de um novo AI-5, "flerta com a possibilidade" de algo semelhante ser feito novamente.

"O senhor até agora não teve a oportunidade de repudiar a declaração [de Eduardo Bolsonaro]", disse. "Eu não vou repudiar, porque ele já repudiou. Ele disse que falou uma coisa que não é o que ele pensa. Não vou falar mais nada", disse. Diante da insistência da deputada, Heleno retrucou: "A senhora vai me torturar porque eu não quero falar?"

O ministro afirmou ainda que a anistia realizada após a ditadura militar "levou uma terrorista à Presidência da República e a vários cargos importantíssimos da República. Isso é questão de visão, de lado", disse fazendo referência à ex-presidente Dilma Rousseff, que foi presa e torturada durante a ditadura militar. Ela integrou a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), que deu origem à VAR-Palmares, movimento contrário à ditadura.

Heleno participou como convidado de audiência pública realizada pela comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia sobre o monitoramento dos movimentos sociais, em especial dos povos indígenas. O convite já havia sido feito ao ministro antes das declarações que ele deu na semana passada ao Estado em defesa do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).

Deputados do PT protocolaram nesta terça-feira, 5, mais três pedidos para convocar o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, para que ele explique declarações dadas ao jornal O Estado de S. Paulo, na semana passada, sobre a possibilidade de um novo AI-5. Esses novos requerimentos são para que ele compareça a comissões e devem ser votados pelos colegiados entre amanhã e a próxima semana. O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) já havia protocolado um pedido, que pode ser votado ainda hoje, para que Heleno seja convocado ao plenário.

Como mostrou o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, há uma articulação política de bastidores que pode resultar na aprovação da convocação em plenário. O movimento tem o aval do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que fez críticas a Heleno nesta segunda-feira, 4.

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O deputado Rogério Correia (PT-MG) é autor de dois dos requerimentos protocolados nesta terça-feira. Ele pede audiências com Heleno nas comissões de Direitos Humanos e na de Trabalho, de Administração e Serviço Público (CTASP), que deve pautar o requerimento já na sessão de amanhã. "O filho do presidente (Eduardo Bolsonaro) fazer uma declaração dessas como deputado é grave, agora, um general responsável por ações institucionais, que deveria estar guardando a Constituição, é apavorante", disse Correia. "Ele disse que 'tem de ver como vai fazer', ou seja, ele pensa nisso", completou.

O terceiro pedido de convocação é assinado pelo deputado José Guimarães (PT-CE). Ele quer levar Heleno à Comissão de Constituição, Cidadania e Justiça (CCJ).

Na entrevista concedida ao Estado, por telefone, no último dia 31 - e gravada -, Heleno não repudiou a possibilidade de "um novo AI-5". Instituído pela ditadura militar em 1968, o Ato Institucional nº 5 foi um dos mais duros daquele período, pois revogou direitos, suspendeu garantias constitucionais e delegou ao chefe do Executivo o poder de cassar mandatos parlamentares. "Não ouvi ele (Eduardo Bolsonaro) falar isso. Se falou, tem de estudar como vai fazer, como vai conduzir. Acho que, se houver uma coisa no padrão do Chile, é lógico que tem de fazer alguma coisa para conter", afirmou Heleno.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) fez uma comparação da fala do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) sobre o AI-5 com o culto ao nazismo na Alemanha, ao protocolar um pedido de cassação do mandato do filho do presidente Jair Bolsonaro no Conselho de Ética da Câmara nesta segunda-feira, 4. "Se nós cogitarmos a possibilidade de que alguém pode arguir o retorno aos piores momentos da história nacional ou pode fazer sedição à ruptura da ordem democrática, teríamos de admitir que em outros países, como na Alemanha fosse tolerável o culto ao nazismo", afirmou o senador.

O documento protocolado pela Rede hoje na Câmara cita quebra de decoro parlamentar. Para Randolfe, Eduardo se insurgiu contra o próprio juramento e atentou contra a ordem democrática.

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A declaração de Eduardo sobre o AI-5, dada em entrevista à jornalista Leda Nagle, provocou um terremoto político na semana passada e gerou críticas de diversos partidos. Além do pedido protocolado hoje pela Rede, outros devem chegar ao Conselho de Ética nos próximos dias.

O deputado Eduardo Bolsonaro chegou a divulgar um pedido de desculpas depois que sua declaração sobre o AI-5 foi divulgada. Para Randolfe, no entanto, isso não muda nada. "Esse tem sido o modo de operação de pessoas do governo, atenta contra a democracia de manhã e pede desculpas à tarde. Não podemos mais permitir que isso continue, ele precisa pagar pelo atentado à democracia que cometeu", disse Randolfe.

O Ato Institucional nº 5 foi o mais duro instituído pela ditadura militar, em 1968, ao revogar direitos fundamentais e delegar ao presidente da República o direito de cassar mandatos de parlamentares, intervir nos municípios e Estados. Também suspendeu quaisquer garantias constitucionais, como o direito a habeas corpus. A partir da medida, a repressão do regime militar recrudesceu.

A Rede Sustentabilidade apresentou representação cobrando a perda de mandato do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), um dos filhos do presidente Jair Bolsonaro, por "militar de forma contrária" à democracia e demonstrar "desprezo pela vontade do povo" ao falar sobre "novo AI-5". A manifestação foi encaminhada nesta segunda-feira (4) à Mesa Diretora da Câmara para ser apreciada pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamentar.

O caso envolve a fala de Eduardo Bolsonaro na última quinta-feira (31), na qual defendeu a edição de um "Novo AI-5" para conter manifestações de rua semelhantes às que ocorrem no Chile. Segundo o filho do presidente, a medida seria para enfrentar uma "radicalização da esquerda". No mesmo dia, após ser desautorizado pelo pai, o deputado voltou atrás e pediu desculpas pelo comentário.

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Em manifestação, a Rede afirma que a declaração de Eduardo caracterizaria abuso de imunidade material e "danos incomensuráveis ao Poder Legislativo. O partido também acusa o deputado de "violar o interesse público, a vontade popular e a Constituição Federal".

"Apesar de ter sido o deputado federal mais votado nas eleições de 2018, as suas ações militam de forma contrária a uma ideia mínima de democracia, demonstrando desprezo pela vontade do povo", afirma a sigla.

Anos de chumbo

O Ato Institucional Número 5 (AI-5) foi o mais duro instrumento de recrudescimento da ditadura militar (1964-1985). Baixado durante o governo do general Costa e Silva 13 de dezembro de 1968, o decreto vigorou por uma década garantindo poderes de exceção do Executivo, o que possibilitou perseguição, prisões, tortura e morte de adversários políticos do regime.

Foi por meio do AI-5 que a ditadura fechou o Congresso Nacional, cassando mandatos de parlamentares e suspendeu a garantia de direitos individuais, como o habeas corpus.

A Rede cita que se manifestar a favor da edição de um novo decreto que debilitou o Poder Legislativo viola a imunidade parlamentar, garantia de deputados e senadores em cargo, além de atentar contra o decoro da Casa.

"O discurso a favor de um AI-5 é uma apologia a tudo que este instrumento previu, servindo de incentivo a outras pessoas agirem nesse mesmo sentido, sobretudo pelo discurso ser amplamente divulgado e ter origem não nas palavras de um deputado federal qualquer, mas um dos filhos do presidente da República", afirma a Rede. "Ao defender abertamente o uso de instituto similar ao AI-5, o deputado federal Eduardo Bolsonaro ofende diretamente diversos preceitos constitucionais".

Se a representação for aceita, o pedido da Rede pode parar no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. Lá, Eduardo tem cenário desfavorável com três das quatro vagas do PSL pertencerem à ala ligada ao presidente da sigla, Luciano Bivar, desafeto da família Bolsonaro. O "Centrão", por sua vez, tem 24 das 42 cadeiras.

Defesa

A reportagem entrou em contato com o gabinete do deputado Eduardo Bolsonaro. O espaço está aberto para manifestações.

A defesa do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) ao AI-5, uma das medidas mais drásticas da ditadura, foi recebida com críticas e constrangimento por oficiais-generais do Alto Comando das Forças Armadas consultados pelo jornal O Estado de S. Paulo. A avaliação é a de que não há espaço para se falar em ações extremas, pois o País vive em uma democracia e já possui instrumentos legais para conter eventuais excessos em manifestações como as que ocorrem atualmente no Chile. Procurado, o ministro da Defesa, Fernando Azevedo, não quis se manifestar sobre o assunto.

Após Eduardo pedir desculpas pelo comentário, o general da ativa Luiz Eduardo Ramos, atual ministro da Secretaria de Governo, usou as redes sociais para fazer um apelo. "Precisamos buscar serenar ânimos! Não podemos criar fantasmas onde não existe!! Opiniões não podem servir para distorcer os fatos ou potencializar diferenças políticas", tuitou.

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Oficiais-generais quatro estrelas afirmam ter visto nas declarações do filho "03" do presidente Jair Bolsonaro uma provocação à esquerda. Lembram que a radicalização no discurso é uma estratégia do deputado e até do presidente usada com frequência.

As manifestações nos países vizinhos são acompanhadas com atenção pelas Forças Armadas e a avaliação é de que, por enquanto, não há riscos de protestos semelhantes no Brasil.

O presidente do Clube Militar, general Eduardo José Barbosa, reverbera o pensamento dos comandantes de tropa e também avalia não haver mais espaço para AI-5 no Brasil. "Hoje, só cabe o que está na Constituição", disse. "Para casos extremos que por acaso possam acontecer, como no Chile, a nossa Constituição é clara e prevê Estado de Defesa e Estado de Sítio, que poderiam ser decretados pelo presidente, mas isso precisaria de aval do Congresso."

Questionado se a declaração de Eduardo causa constrangimento, o general negou. "O que A ou B fala é opinião de cada um. A liberdade de expressão é garantida a qualquer pessoa. Portanto, ele pode falar o que ele quiser", completou o militar da reserva.

'Vivandeiras'

"Tem sempre as vivandeiras, como dizia o marechal Castelo Branco", disse um dos generais consultados pelo jornal. Comandante de tropa, o general de divisão afirmou que declarações como a de Eduardo Bolsonaro "não calam dentro da instituição". Ele afirmou que os generais não veem nenhuma ameaça à ordem democrática e às instituições. "Desde 1985, o País conviveu com dois impeachments e o fez de forma serena. As instituições estão funcionando e não precisam de tutela", afirmou o general.

O militar afirmou que não deveria ser necessário lembrar a ninguém que o Exército não toma partido, não é força de governo, mas uma instituição de Estado, que representa a Nação e defende a Pátria. Para ele, a estrutura de segurança pública dos Estados é mais do que suficiente para garantir a ordem. O oficial deu como exemplo os protestos de 2013. De acordo com o general, naquele ano, as PMs - principalmente a de São Paulo - mostraram que podem lidar com esse tipo de evento sem o recurso a medidas excepcionais.

Outro general disse que há radicais no entorno do presidente. "Quando alguém entra na minha sala e diz que é para fechar o Supremo não precisa nem do cabo, basta o soldado, pois eles estão desarmados. Eu pergunto: 'E amanhã?' O Brasil não é a Bolívia. Radicalismo não leva a nada." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Um dia depois de o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) sugerir um "novo AI-5" para conter uma eventual radicalização da esquerda, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), escreveu nesta sexta-feira (1º) no Twitter que "exaltar o período de trevas da ditadura é desmerecer a estatura constitucional da nossa democracia".

"O AI-5 impôs a perda de mandatos de congressistas, a suspensão dos direitos civis e políticos e o esvaziamento do habeas corpus. É o símbolo maior da tortura institucionalizada. Exaltar o período de trevas da ditadura é desmerecer a estatura constitucional da nossa democracia", escreveu Gilmar Mendes no Twitter.

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O Ato Institucional nº 5 foi o mais duro instituído pela ditadura militar, em 1968, ao revogar direitos fundamentais e delegar ao presidente da República o direito de cassar mandatos de parlamentares, intervir nos municípios e Estados. Também suspendeu quaisquer garantias constitucionais, como o direito a habeas corpus. A partir da medida, a repressão do regime militar recrudesceu.

"Se a esquerda radicalizar a esse ponto, vamos precisar dar uma resposta. E essa resposta pode ser via um novo AI-5, pode ser via uma legislação aprovada via plebiscito, como ocorreu na Itália. Alguma resposta vai ter que ser dada", afirmou Eduardo Bolsonaro em entrevista à jornalista Leda Nagle.

Gilmar Mendes é o segundo ministro do STF que vem a público para criticar a declaração do filho da presidente da República. Na quinta-feira (31), o ministro Marco Aurélio Mello considerou uma "impropriedade" a fala do parlamentar.

"Quanta impropriedade. Estão solapando a democracia. E é geral. Exemplo: o inquérito natimorto: sigiloso ao extremo e nele tudo cabe. Aonde vamos parar?", disse Marco Aurélio à reportagem.

Marco Aurélio fez referência ao inquérito sigiloso, instaurado por determinação do presidente do STF, ministro Dias Toffoli, que apura ameaças, ofensas e fake news disparadas contra integrantes da Corte e seus familiares. A investigação tem sido contestada por ter ocorrido à revelia do Ministério Público e ter levado à censura de reportagens publicadas no site O Antagonista e na revista digital Crusoé.

Reações

A menção ao Ato Institucional n.º 5 causou forte reação nos três Poderes, a ponto de o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), dizer que a apologia à ditadura era passível de punição. Horas depois, o presidente Jair Bolsonaro, pai de Eduardo, desautorizou o filho, sob o argumento de que quem fala em AI-5 só pode estar "sonhando".

Eduardo Bolsonaro acabou pedindo desculpas, em entrevista à TV Bandeirantes. "Peço desculpas a quem porventura tenha entendido que eu estou estudando o retorno do AI-5, ou o governo, de alguma maneira - mesmo eu não fazendo parte do governo - está estudando qualquer medida nesse sentido. Essa possibilidade não existe. Agora, muito disso é uma interpretação deturpada do que eu falei. Eu apenas citei o AI-5. Não falei que ele estaria retornando", disse o deputado em entrevista por telefone à TV Bandeirantes na quinta.

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